V Círculo de cultura “cuidando la Amazonía”

Fospa Colombia
Fospa Colombia junio 20, 2019
Updated 2019/06/20 at 5:15 PM

Escrito por: Valdecir Bittencourt (Periodista)

V CÍRCULO DE CULTURA “CUIDANDO DA AMAZÔNIA” do Fórum Social Pan-amazônico/Comitê Amapá debate sobre a UNIVERSIDADE POPULAR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: A UPMS na Amazônia. O comitê FOSPA/AP recebeu a experiência e saberes do ativista social, Pedro Ramos de Souza, fundador do CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas, liderança histórica no Estado do Amapá e atualmente é presidente de honra deste conselho, que compartilhou sua vivência nos movimentos sociais com os participantes.

O quinto Círculo de Cultura, que foi realizado dia 25 de maio, às 16 horas, no hall de entrada da Universidade do Estado do Amapá – UEAP, apresentou o conceito e o histórico sobre a UPMS: interconhecimento e autoeducação com a Professora da UEAP e integrante do Comitê FOSPA/Amapá, Janaína Calado e em seguida uma roda de conversa com o tema: Ecologia dos Saberes como Prática de Resistência, por meio da educação popular, comunitária e intercultural nos movimentos sociais, diálogos entrelaçados pela Professora Paula Bastone e Professor Marco Antonio Chagas, ambos da UNIFAP e pelo senhor Pedro Ramos que também é um decano do movimento social no Brasil, com vivência histórica nos diversos campos de batalha em defesa de grupos e pessoas. 

Mediante a provocação do professor Marco Antônio Chagas, Pedro Ramos, contou em detalhe um pouco de sua luta contra a dominação do militarismo no Brasil, nos anos de chumbo, época da Ditadura Militar, quando tudo se resolvia com prisões, torturas e, em muitos casos com morte e ocultação de cadáveres.

O ativista contou que, para fazer a luta em defesa da organização dos pescadores dos estados do Amapá e Pará, teve que enfrentar a prisão tortura e, ser até taxado como terrorista, só pra fazer um breve relato de suas declarações.

Após as declarações de Pedro Ramos, já nas discussões do grupo ficou bastante visível que o caminho para a compreensão de saberes está na unidade das comunidades, dos povos, no nosso caso, povos da Panamazônia, com vistas a valorização de suas vivências, saberes e costumes, que devem ser observados pelas gerações futuras, para que, mesmo com a inserção de novas tecnologias, sejam objetos de estudos, pesquisas e registros Atividades essas vivenciadas no ambiente da Universidade Popular dos Movimentos Sociais – UPMS uma prática de democratização do conhecimento.

A UPMS tem uma metodologia diferenciada das Universidades tradicionais, o conhecimento é repassado por meio de encontros e oficinas entre intelectuais, professores e professoras e pessoas dos movimentos sociais, que por meio do debate democratizam os saberes com o objetivo de fomentar o diálogo. 

Este debate trouxe à tona a discussão sobre a ecologia dos sabes de diversos grupos sociais interessantes, que em função dos processos coloniais de dominação do capital foram colocados como meros objetos e até meros expectadores da matéria prima que dominavam. 
O debate no Amapá levantou inquietação sobre a função da Universidade Pública enquanto ente de formação, por outro lado fez uma reflexão sobre a compreensão dos saberes de verdadeiros mestres e doutores da convivência das diversas classes onde vivem e atuam com agentes de transformação por meio do saber.

Estes grupos não tem espaços nas Universidades Públicas, mesmo com a iniciativa de muitos mestres e doutores, que fazem estudos de caso, não são chamados para discussão em grandes grupos de estudos e assim não podem realizar a troca de experiências e saberes. O que se utiliza é uma metodologia importada do ocidente, em outras palavras, “Made in Europa”.
Tivemos ainda, diversas intervenções a partir dos diálogos apresentados durante o Círculo de Cultura, onde todos aprenderam e ensinaram uns aos outros e onde foram feitos diversos questionamentos sobre as atividades seguintes da Universidade Popular dos Movimentos Sociais, que tem um calendário extenso até a realização do IX Fórum Social Panamazônico, que acontece no mês de março em Mocoa na Colômbia.

A Ecologia dos Saberes também está presente no diálogo cultural que abrilhantou o nosso V CÍRCULO DE CULTURA na exposição de artesanato do Quilombo de Artes Tapuia, artesanatos afro-amazônidas da designer Rosângela Costa que contou com o apoio de Lívia Costa. O sociólogo Pedro Aquino e sua equipe formada por Jaqueline Sanches e Luís Guilherme trouxeram móveis produzidos com materiais inservíveis, como sofá, poltrona, puffs e bancos além de mel orgânico e plantas cultivadas, tudo produzido a partir de vivências agroecológicas.

E encerrando este V Círculo de Cultura, o Estúdio Celebrare, sob a coordenação da professora e dançarina Leila Nascimento, apresentou a Dança do Ventre e o sagrado feminino, o Celebrare é pioneiro no estudo da dança como empoderamento e despertar do Sagrado Feminino.

Fotos: Otto Ramos (Mídia Ninja)
Maycom Gomes (FOSPA/AP)

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